Eu ontem vi "L'Histoire D'Adèle H" de Truffaut... comovente a história da filha de Victor Hugo, sensível e forte o olhar de Truffaut. A dor de não ser correspondida não é nada diante da dor de não poder deixar de amar, e esse aspecto no filme não nos deixa espaço para a ilusão romântica. Em se tratando da relação dos dois, é uma história de desamor mais do que de amor, mas Adele crê no seu amor mais do que tudo, e se perde na esperança de vê-lo se concretizar. A dor, loucura, e a própria inteligência de Adele a fazem arder desesperadamente e o desplaçamento geográfico a que se auto impõe, numa espécie de exílio que se move, a revela mulher senhora do seu próprio destino. Nada a impede de seguir caminhando, impulsionada pelo seu amor, numa viagem sem volta a sua lucidez. A escrita é sua maior aliada e a única que vai sobreviver... O filme é muito formal, numa espécie de realismo obsessivo e cuidadoso, mas Truffaut logra impregnar o filme dessa aura sombria e deserta que se apodera de Adele.
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